Em lembrança dos 250 anos da construção da Igreja de São Francisco e dos 800 de existência da Veneranda Ordem Terceira de São Francisco.
Bolsista na Itália dos anos sessenta, na Universidade Pro-Deo, de Roma, visitei Assis dezena de vezes. A cada visita mais me encantava com a linda cidadezinha e a extraordinária história de Francisco. Recentemente, a revisitei, em companhia de minha esposa Cidinha, me detendo nos lugares onde o santo exemplificou a sua fé, de elevadíssima moral, e mais que nunca me comovi com sua lição de simplicidade, tão bela.
São Francisco nos ensinou a riqueza da pobreza e do despojamento; a grandeza e a fortaleza da humildade; a coragem da verdade, a natureza valorosa de todos os seres, animados e inanimados e a exemplar vida vivida no Amor e nos passos de Cristo. Hoje, Francisco seria um poeta-jardineiro exemplar. Certamente estaria pregando o respeito à natureza, a criação do santuário da Amazônia, da Mata Atlântica, da Mantiqueira, do Cerrado, do Pantanal. Mais certo ainda, estaria pensando no santuário da própria Terra; quiçá do Universo.
Convidado pela Venerável Ordem Terceira de São Francisco, nas comemorações de seus 800 anos, e nos dois séculos e meio do início da construção da Igreja de São Francisco de São João del Rei; a pintar uma tela que humildemente lembrasse estas datas, várias questões se me apresentaram desafiantes. Entre elas, qual o momento da vida do amado santo seria uma síntese de sua existência? Todos; concluí. Mas, há uns anos, revisitando Monte Alverne, nas proximidades de Assis, meditando sobre a rudeza do solo e o isolamento do local, entendi um pouco o sentido de ali ele ter recebido a benção dos estigmas; o muito do pouco que lhe faltava para a almejada vida de Cristo que preconizou para todos nós, a partir dele próprio. Francisco foi um santo que falou aos olhos! Outra questão, também muito relevante: devia eu usar o ouro e a prata na minha pintura do momento em que Francisco se torna santo com a graça de Deus? Esteticamente estas duas cores me trariam a Beleza; mas… Bem; Belchior, o rei mago, presenteou o menino Jesus com ouro - e a prata simbolizaria a luz da Lua, tão claramente amada na pessoa de Santa Clara. Foi o bastante!
Flores para Sao Francisco de Assis! Um presente singelo; nada maior, nada melhor - creio.